12 de agosto de 2012

Extras Lua Nova - Se Jacob Não Tivesse Quebrado As Regras

A maior diferença (e é uma diferença ENORME) entre o primeiro rascunho do Lua Nova e a cópia final é essa: originalmente, Bella nunca descobriu o que tinha de errado com o Jacob. Era um livro menor, sem as setenta páginas cruciais nas quais Jacob e Bella compartilham seus segredos e cimentam o relacionamento deles em algo que ultrapassa a amizade.
(Antes que você continue a ler, não deixe isso te confundir. Não é como “realmente aconteceu”. Conforme o meu conhecimento sobre a personagem do Jacob cresceu, essa versão original foi ficando cada vez mais improvável. (É claro que o Jacob ia quebrar as regras – ele é o Jacob!) Esse é só o esqueleto – só ossos, sem carne.
Tente imaginar: Bella vai até a casa do Jacob para exigir a verdade sobre o “culto”. Jacob aparece com o Sam e os outros, e concorda em conversar com a Bella a sós. Ele dá um fora nela (por falta de expressão melhor), e ela fica devastada pela segunda vez no livro. Ok, isso parece familiar. Mas então à noite… nada acontece. Jacob não quebra as regras e escala a árvore até a janela para falar com ela. Jaacob não dá nenhuma pista para ela, para tentar ajudá-la a descobrir o que ela já sabe. Bella ainda fica isolada, sozinha. Ela não tem idéia de que a Victoria está lá fora, caçando-a, ou que os lobisomens estão lá fora, protegendo-a.
Mas a Bella é muito persistente em receber alguma resposta do Jacob. Ela não tem os problemas de orgulho que interferiam no relacionamento deala com o Edward no começo do Lua Nova para Pará-la aqui. Não, Jacob DEVE a ela algo mais que isso, droga, e ela vai fazê-lo pagar.
Ela não consegue encontrá-lo, no entanto, e eventualmente a busca dela a leva até o topo dos penhascos. Ela se lembra de ver “a gangue” mergulhar no nada – e você sabe como ela está viciada nas alucinações. Mergulhar do penhasco é a inspiração dela nessa versão. Quando o Jacob a salva dessa vez, a interação entre eles é 180º diferente do que na versão final.
Se Jacob  não tivesse quebrado as regras
- Como nós vamos sair daqui? – eu tossi e cospi as palavras. Estava com tanto frio agora que não conseguia sentir muita coisa além do calor do corpo dele enquanto ele me carregava cuidadosamente acima das ondas, e a dor nas minhas costas. Parecia que a corrente estava arrastando as minhas pernas, se recusando a desistir, mas elas estavam entorpecidas e talvez eu só estivesse imaginando.
- Eu vou carregar você até a praia. Você vai ficar mole como se estivesse inconsciente e não vai lutar. Isso deixará as coisas mais fáceis.
- Jake – eu disse ansiosamente. – A água é forte demais. Você provavelmente não vai conseguir sozinho, quem dirá me levando.
- Eu puxei você pra fora, não puxei? – ele me apertou forte demais para que eu visse seu rosto, mas a voz dele parecia um pouco convencida.
- Você puxou – eu concordei incerta. – Como? A correnteza…
- Eu sou mais forte que você.
Eu teria concordado, mas a água decidiu sair do meu estomago bem na hora.
- Ok – ele disse quando eu terminei de vomitar. – Preciso tirar você daqui. Lembre-se, fique parada.
Eu estava fraca demais para discutir, mas estava aterrorizada demais de deixar a segurança da pedra e deixar as ondas virem pra cima de mim de novo. Tão recuperada quando eu estava há dois minutos sobre a idéia de me afogar, agora eu estava com medo. Eu não queria voltar para o escuro. Não queria que a água cobrisse meu rosto de novo.
Eu pude sentir quando o Jacob pulou da pedra. Estava de costas e ele ainda estava me segurando embaixo dos braços quando ele deu o impulso. A água barulhenta nos alcançou, e eu entrei em pânico e comecei a chutar.
- Pare com isso – ele repreendeu.
Eu lutei para me manter quieta, e era mais difícil do que eu teria imaginado, mesmo com meus membros exaustos e com câimbras querendo nada mais que relaxar e ficar parados.
Era incrível – nós nos movemos pela água como se uma linha estivesse nos guiando para a costa. Jacob era o nadador mais forte que eu não tinha visto. Os empurrões e agarrões da correnteza pareciam inúteis até mesmo de deslocar a rota direta que ele seguia pelas ondas. E ele era rápido. Ia em ritmo de recorde mundial.
Então eu senti a areia raspando em meus calcanhares.
- Ok, pode ficar em pé, Bella.
Assim que ele me soltou, eu caí de cara nas ondas que estavam na altura dos joelhos.
Ele me pegou antes que eu pudesse engolir mais água, me jogando facilmente para os seus ombros e andando até a areia. Ele não disse mais nada, mas a respiração dele parecia irritada.
- Para lá – ele murmurou para si mesmo, e depois mudou de direção. Eu só podia ver, quando pendi do ombro dele, seus pés descalços deixando pegadas enormes na areia molhada.
Ele me sentou numa faixa de areia que parecia seca. Estava escuro aqui – eu percebi que nós estávamos em uma caverna rasa que a maré tinha formado embaixo da pedra. A chuva não podia me atingir diretamente, mas os respingos de garoa batiam na areia do lado de fora e me acertavam.
Eu estava tremendo tanto que meus dentes estavam batendo – o som era como castanholas.
- Vem aqui – Jacob disse, mas eu não tive que me mover. Ele enrolou os braços ao meu redor e me apertou com força em seu peito nu. Eu tremi, mas ele estava parado. A pele dele estava muito quente – como se a febre tivesse voltado.
- Você não está congelando? – eu gaguejei.
- Não.
Eu me senti envergonhada. Além de ele ser exponencialmente melhor do que eu na água, ele ainda tinha que fazer parecer mais fraca.
- Eu sou tão frouxa – murmurei.
- Não, você é normal – a amargura estava lá no tom dele. Ele se moveu rapidamente, sem me dar chance de perguntar o que ele quis dizer. – Se importa em me explicar que diabos você estava fazendo? – ele exigiu.
- Pulando do penhasco. Recreação – Inacreditável, mas ainda tinha alguma no meu estômago. E ela escolheu esse momento para reaparecer.
Ele esperou até que eu pudesse respirar outra vez. – Parece que você se divertiu.
- E me diverti, até bater na água. Não devíamos procurar ajuda ou algo assim? – meus dentes ainda estavam batendo, mas ele entendeu o que eu quis dizer.
- Estão vindo.
- Quem está vindo? – eu perguntei, desconfiada e surpresa.
- Sam e ou outros.
Eu fiz uma careta. – Como eles sabem que precisamos de ajuda? – meu tom era cético.
Ele bufou. – Porque eles me viram correr e me atirar de um penhasco atrás de você.
- Você estava me vigiando? – eu acusei, ligeiramente ofendida.
- Não, eu escutei você gritar. Se eu tivesse visto você, teria te impedido. Foi muita burrice, sabe.
- Seus amigos fazem isso.
- Eles são mais fortes que você.
- Eu sei nadar bem – eu protestei, ignorando a evidencia que provava o contrario.
- Em uma piscina ?????????? – ele retrucou. – Bella, ta virando um furacão pra lá. Você não considerou isso?
- Não – eu admiti.
- Burrice – ele repetiu.
- É – eu concordei com um suspiro. Estava tão frio e eu estava tão cansada.
- Fique acordada – Jacob disse ríspido.
- Nem vem – eu respondi. – Não vou dormir.
- Então abra os olhos.
Pra falar a verdade, eu nem tinha percebido que eles estavam fechados. Não disse isso a ele. Eu só os abri e disse “Ok.”
- Jacob? – o chamado veio claramente apesar do vento e ondas barulhentos. A voz era muito grave.
Jacob se inclinou para que ele não gritasse no meu ouvido. – Na caverna, Sam.
Eu não os escutei se aproximarem. Abruptamente, a pequena caverna estava cheia de pernas marrons. Eu olhei para cima, sabendo que meus olhos estariam cheios de suspeitas e raiva, consciente da proximidade do Jacob. Os braços dele formavam um escudo ao meu redor, mas de repente eu me senti como a protetora.
O rosto calmo de Sam foi a primeira coisa que eu vi. Uma onda confusa de déjà vu me surpreendeu. A caverna escura não era muito diferente da floresta à noite, e, novamente, eu estava deitada, fraca e inútil aos pés dele. Ele estava me salvando de novo. Eu olhei pra ele, irritada.
- Ela está bem? – ele perguntou ao Jacob com uma voz segura, como um adulto entre as crianças.
- Estou bem – eu resmunguei.
Ninguém me escutou.
- Temos que esquentá-la – ela está ficando com sono – Jacob respondeu.
- Embry? – Sam chamou, e um dos garotos deu um passo à frente para entregar para Jacob alguns cobertores. O tom de comando da voz do Sam me irritou até não poder mais. Era como se nenhum deles pudesse fazer algo até que ele dissesse. Eu o encarei ferozmente enquanto Jacob colocava as cobertas em volta de mim.
- Vamos tirá-la daqui – Sam mandou friamente. Ele inclinou para mim com as mãos esticadas, mas parou quando eu recuei dele.
- Já peguei, Sam – Jacob disse, colocando seus braços embaixo de mim e me levantando facilmente quando ele se colocou de pé.
- Eu posso andar – eu protestei.
- Ok – Jacob me colocou no chão e esperou.
Meus joelhos dobraram. Sam me pegou quando eu caí; instintivamente, eu lutei contra as suas mãos.
Jacob me pegou de novo, me tirando de perto de Sam e me girando até seus braços. Ele era ridiculamente forte para a idade dele. Eu fiz uma careta bem feia quando o Sam colocou os cobertores ao meu redor outra vez.
- Paul, você ta com aquele poncho?
Outro garoto deu um passo a frente sem falar nada e colocou uma camada de plástico para proteger os cobertores.
A essa altura, enrolada em camadas de proteção, eu notei que Sam e os outros não estavam muito mais vestidos que Jacob. Presumi que Jacob tinha tirado a maioria das roupas antes de pular atrás de mim, mas eles estavam todos descalços e sem camisa, cada um usando só calças ou shorts, pingando por causa da chuva. A água pingava dos cabelos deles e escorria pela pele dos peitos deles; eles nem pareciam notar. Embaixo da minha camada de cobertas, eu tremi descontroladamente e me senti como um bebê ridículo.
- Vamos – Sam ordenou, e todos saíram da caverna.
Tinha uma trilha que seguia para a praia. Eles andavam com agilidade pelo caminho, Jacob tão rápido quanto os outros. Ninguém se ofereceu para ajudá-lo, e ele não pediu nenhuma ajuda. O fato das mãos dele estarem ocupada não parecia incomodá-lo. Ele nem tropeçava.
Sam e os outros três iam à frente, e, conforme eu os observava escalar com a facilidade de bodes montanheses, eu fiquei chocada ao perceber o quão bem eles se ajustavam ao cenário. Eles se misturavam com tal harmonia com as cores das pedras e arvores, com o movimento do vento; eles pertenciam ao lugar.
Eu olhei para o Jacob e ele pertencia ao lugar também. As nuvens, a tempestade, a floresta, todo emoldurava seu novo rosto com perfeição. Ele parecia ainda mais natural, mais à vontade que o meu Jacob feliz que zanzava pela sua garagem, seu próprio reino. Era perturbador.
Nós alcançamos o topo bem mais longe na estrada do que eu tinha me aventurado. Eu podia ver um montinho de cor meio enferrujada, vago, ao sul, e achei que era minha picape.
Eu quis tentar andar de novo, mas Jacob ignorou meus pedidos baixos. Eles correram para a orla da floresta, como se eles pudessem se mover mais rápido pelas árvores do que na estrada. E eles estavam se movendo mais rápido; minha picape estava se aproximando mais rápido do que deveria
- Onde estão as duas chaves? – Jacob perguntou quando chegamos perto. A respiração dele ainda estava equilibrada e regular.
- No meu bolso – eu respondi automaticamente, antes de perceber o que ele estava sugerindo.
- Me entregue.
Eu olhei para ele, mas seu rosto estava calmo e determinado. Mal humorada, eu forcei minha mão pra dentro dos jeans molhados e tirei minha chave. Lutei contra as cobertas até que a minha mão estivesse livre. Levantei a chave.
- Para você ou para o Sam? – eu perguntei rabugenta.
Ele revirou os olhos. – Eu dirijo.
Num movimento rápido e imediato, ele inclinou a cabeça na minha direção e tirou as chaves das minhas mãos com os dentes.
- Ei! – eu reclamei, surpresa, como quando ele me colocou nos braços.
Ele sorriu, seco, através da chave.
Estávamos junto à picape agora; Sam abriu a porta do passageiro e Jacob me colocou dentro do carro. Jacob deu a volta para o lado do motorista enquanto o resto deles subiu na caçamba. Jacob ligou o motor e o aquecedor no máximo, mudando a posição deles para que ficassem só pra mim. Eu olhei culpada para a janela de trás, para seus amigos sentados sem se perturbarem, seminus na chuva que caía.
- Mas então o que você estava fazendo por aqui? – eu perguntei ao Jacob. – Vocês iam nadar com o furacão também?
- Estávamos correndo – ele cortou.
- Na chuva?
-Sim, sorte sua.
Eu calei a boca e olhei para a janela.
Nós não viramos na 110 como eu esperei, mas ao invés disso pegamos o caminho que levava a casa do Billy.
- Por que você está me levando para a sua casa?
- Eu vou pegar a minha moto e colocar na caçamba para a viagem de volta – a não ser que você queria que eu fique com a sua picape.
- Ah.
- Além do mais, eu quero que o Billy dê uma olhada em você. Eu não quero que o Charlie saiba disso até que eu tenha certeza de que você bem. Ele provavelmente vai me prender por tentativa de homicídio, ou algo assim – ele acrescentou amargamente.
- Não seja burra – eu retruquei.
- Ok – ele concordou. – Já tem mais que estupidez necessária… pular de um penhasco!
Eu corei e olhei pra frente.
Jacob me carregou para dentro da casa. O resto deles nos seguiu silenciosamente. O rosto de Billy estava sem expressão.
- O que aconteceu? – ele perguntou, direcionando a pergunta ao Sam ao invés que a seu próprio filho. Olhei pra ele.
- Eu estava pulando do penhasco – eu disse rapidamente, antes que Sam pudesse responder.
Billy só ergueu uma sobrancelha e manteve os olhos no Sam.
- Ela está com frio, mas acho que ficará bem em algumas roupas secas – Sam disse.
Jacob me colocou no sofá pequeno, e rapidamente o empurrou para perto do aquecedor. As pernas do sofá se arrastaram, barulhentas, pelo chão de madeira. Então ele desapareceu até o armário no quartinho.
Billy não disse nada sobre a condição de seu filho, que pingava pela casa toda, nem sobre a de ninguém. Ninguém parecia preocupado com hipotermia a não ser no meu caso.
Me senti mal sobre encharcar o sofá, mas eu não conseguia levantar a cabeça para salvar o tecido seco do meu cabelo molhado. Estava cansada demais. Mesmo as figuras altas e agourentas que enchiam a sala, encostadas nas paredes sem se mexerem, conseguiam manter meus olhos abertos. Eu finalmente estava quente perto do aquecedor que zumbia, e meus pulmões se moviam de um jeito que me empurrava até a inconsciência ao invés de me deixar acordada.
- Devo acordá-la para se trocar? – eu ouvi o Jacob sussurrar. Perguntando para o Sam, sem dúvida.
- Como está a pele dela? – a voz grave de Sam respondeu. Eu queria mandar pra ele outro olhar de raiva, mas meus olhos não abriam.
Os dedos do Jacob tocaram levemente minha bochecha.
- Quente.
- Acho melhor deixá-la dormir, então.
Eu fiquei feliz que eles iam me deixar em paz.
- Charlie? – Jacob perguntou.
Billy respondeu dessa vez. – Ele viria pra cá num piscar de olhos. Vamos esperar até que a tempestade passe para chamá-lo.
Boa resposta, eu pensei. Aqui eu estava, cercada por homens estranhos dos quais eu tinha começado a sentir medo, mas me senti estranhamente segura e quente aqui.
Alguém falou alguma coisa, uma voz que eu não reconhecia. – Você quer que nós três voltemos pra lá?
Houve uma pausa. – Acho que sim – Sam finalmente disse. – A tempestade é o disfarce perfeito, não vamos ser pegos desprevenidos.
- Três é suficiente? – Billy perguntou, parecendo preocupado.
Alguém deu uma risada gutural. – Nenhum risco.
- Se tiver um só – Sam emedeu, severo. Ninguém respondeu, mas eu escutei uma porta se abrindo.
- Controle, meus irmãos – Sam disse de novo, no tom de alguém se despedindo de um parente. – Rapidez e segurança para vocês.
Fiquei ligeiramente incomodada com essas palavras, mas mantive minha voz equilibrada.
- Irmãos – os outros repetiram em uníssono. Eu escutei a voz do Jacob se unir a dos outros.
A porta se fechou silenciosamente. Não houve som por um bom tempo, e a temperatura quente me levou até a inconsciência outra vez. Eu estava quase dormindo quando o Sam falou calmamente.
- Você não quis deixá-la.
- Se ela acordar, eu acho que ela teria medo de você – Jacob parecia na defensiva.
- Você não pode fazer isso, Jacob. Foi certo salvar a vida dela hoje, claro. Mas você não pode mantê-la perto de você.
Eu tive que morder a língua para segurar a resposta acida que eu queria dar pra ele. Era mais importante escutar agora.
- Sam… eu… eu acho que consigo. Acho que seria seguro.
- Um momento de raiva, só isso. Quão perto você chegou na tarde passada?
Jacob não respondeu.
- Eu sei que é muito difícil.
- Eu sei que você sabe – Jacob disse, complacente. Não, eu quis dizer a ele. Não se entregue assim!
- Seja paciente – Sam aconselhou. – Em um ano mais ou menos…
- Ela terá ido embora – Jacob concluiu amargamente.
- Ela não é pra você – Sam disse gentilmente.
Jacob não respondeu, e eu fiquei magoada. Eu odiava ter que concordar com o Sam em qualquer coisa. E eu não via como esse fato estragava a nossa amizade.
Estava quente demais para eu me concentrar, e no silencia que se seguiu a esse dialogo eu perdi a luta contra minha mente cansada. Em algum lugar perto, eu escutei uma voz delicada murmurando uma canção de ninar familiar, e eu soube que já estava adormecida.
***
A parte a seguir me parecia uma boa introdução para o epílogo original do Lua Nova. Conforme continuamos com esse universo alternativo, lembrem-se que, mesmo a Bella sabendo que tem algo errado com o Jacob, ela não tem idéia que ele é um lobisomem. No epilogo, ela e Edward estão juntos em Forks outra vez, e as coisas voltaram ao normal…
Epílogo – Humano
Era uma daqueles raros dias de sol, o tipo de dia que eu menos gostava. Mas Edward não podia manter sua promessa a cada minuto. Ele também tinha suas necessidades.
- Alice pode ficar de novo – ele ofereceu na sexta-feira à noite. Eu conseguia ver a ansiedade por trás de seus olhos – o medo de que iria surtar no minuto que ele me deixasse sozinha e fazer algo maluco. Como pegar a minha moto de La Push, ou brincar de roleta russa com a pistola do Charlie.
- Eu vou ficar bem – eu disse com uma confiança fingida. Tantos meses de esforço para manter as aparências tinham afiado minhas habilidades para mentir. – Você tem que se alimentar também. E é melhor nós voltarmos à rotina.
A maioria das coisas tinha voltado à rotina, em menos tempo que eu acreditaria ser possível. O hospital tinha recebido Carlisle de volta de braços abertos e ávidos, sem nem se preocupar em esconder a felicidade com o fato de que Esme não tinha gostado da vida em Los Angeles. Graças à prova de cálculo que eu tinha perdido, Alice e Edward estavam em melhores condições de se formar do que eu no momento. Charlie não estava contente comigo – ou falando com o Edward – mas pelo menos Edward podia entrar em casa de novo. Eu só não podia sair dela.
- Eu tenho umas redações para fazer, de qualquer jeito – eu suspirei, acenando em direção a pilha de inscrições para faculdades – Edward tinha surrupiado um de cada faculdade cujo prazo de entrega ainda estava aberto – na minha mesa. – Eu não preciso de nenhuma distração.
- Isso é verdade – ele disse com uma severidade zombeteira. – Você terá muita coisa pra deixá-la ocupada. E eu estarei de volta quando anoitecer.
- Não se apresse – eu disse a ele superficialmente, e fechei meus olhos como se estivesse cansada.
Eu estava tentando convencê-lo que eu confiava nele, o que era verdade. Ele não precisava saber dos pesadelos de zumbi. Eles não eram sobre a falta de confiança nele – era de mim mesma que eu ainda não podia depender.
Charlie ficou em casa, o que não era normal para um sábado. Eu trabalhei nas inscrições na mesa da cozinha para que ele pudesse ficar de olho em mim com mais facilidade. Mas eu era um tédio de se observar, e ele raramente tirava os olhos da televisão para checar se eu ainda estava lá.
Eu tentei me concentrar nos formulários e perguntas, mas era difícil. Hora ou outra eu me sentia solitária; minha respiração ficava mais dura e eu tinha que lutar para me acalmar. Eu me sentia como aquele motorzinho que podia – toda a hora eu tinha que me lembrar, você pode fazer isso, você pode fazer isso, você pode fazer isso.
Então, quando a campainha tocou, a distração foi mais que bem recebida. Eu não tinha idéia de quem poderia ser, mas eu nem me importava.
- Eu atendo! – eu gritei, e levantei da mesa como um raio.
- Ok – Charlie disse desinteressado. Eu corri para a sala de estar, pronta para receber um vendedor porta a porta ou alguma testemunha de Jeová.
- Oi, Bella – Jacob Black sorriu, cínico, quando a porta se abriu.
- Ah, Jacob, oi – eu murmurei, surpresa. Eu não tinha tido noticias deles desde que nós tínhamos voltado sãos e salvos da Itália. Eu tinha considerado a ultima despedida dele como final. Doía quando eu pensava sobre isso, mas para ser perfeitamente honesta, minha mente tinha ficado bem ocupada com outras coisas para sentir a falta dele como eu deveria.
- Está livre? – ele perguntou. O tom amargo não tinha desaparecido de sua voz, e ele disse essas palavras com um ressentimento especial.
- Depende – Minha voz estava ácida, combinando com a dele. – Não estou tão ocupada, mas eu estou sob custodia. Então não estou livre, não.
- Mas você está sozinha, não? – ele explicou, sarcasticamente.
- O Charlie está aqui.
Ele mordeu os lábios. – Eu queria falar com você a sós… se você puder.
Eu levantei as mãos, sem defesa. – Você pode pedir ao Charlie – eu disse, com um triunfo escondido. Charlie nunca me deixava sair de casa.
- Não foi isso que eu quis dizer – Os olhos escuros dele de repente ficaram mais sérios. – Não era a permissão do Charlie que eu estava pedindo.
Eu o encarei sombriamente. – Meu pai é o único que me diz o que eu posso e o que eu não posso fazer.
- Se você diz – ele deu de ombros. – Ei, Charlie! – ele gritou por cima do meu ombro.
- É você, Jake?
- Sim. A Bella pode dar uma volta comigo?
- Claro – Charlie disse casualmente, e meu sorriso esperançoso, o que esperava pela negação, se tornou uma careta.
Jacob levantou uma sobrancelha em desafio.
O olhar provocador que estava nos olhos dele fez me mover mais rápido do que eu teria me movido. Eu estava fora de casa em um segundo, fechando a porta atrás de mim.
- Aonde você quer ir? – eu perguntei, com uma animação falsa.
Pela primeira vez, ele pareceu inseguro. – Sério? – ele perguntou. – Você ficaria sozinha comigo, de verdade?
- É lógico – eu franzi a testa. – Por que não?
Ele não respondeu. Ele me encarou por um longo minuto com os olhos suspeitos e confusos.
- O quê? – eu exigi.
- Nada – ele resmungou. Ele começou a andar para a floresta.
- Vamos por esse lado – eu sugeri, acenando em direção a rua do lado oeste. Eu já tinha tido experiências suficientes para uma vida toda naquela parte da floresta.
Ele olhou para mim rapidamente, suspeito de novo. Então deu de ombros outra vez e passou na calçada para a rua.
Essa era a caminhada dele, então eu mantive minha boca fechada, embora eu estivesse ficando mais curiosa a cada segundo.
- Tenho que admitir, estou surpreso – ele finalmente falou quando nós estávamos quase na esquina. – A sugadorazinha de sangue não te contou tudo?
- Eu girei e comecei a andar para a casa de novo.
- Que foi? – ele perguntou, confuso, igualando meu passo irritado.
Eu parei e olhei para ele. – Eu não vou falar com você se começar a insultar os outros.
- Insultar? – ele piscou, surpreso.
- Você pode se referir aos meus amigos usando os nomes deles.
- Ah – Ele ainda parecia um pouco surpreso que eu tinha achado a palavra ofensiva. – Alice então, né? Não acredito que ela ficou de boca fechada – Ele começou a andar para a esquina outra dez, e eu o segui, relutante.
- Não sei do que você está falando.
- Você não cansa de se fazer de burra?
- Não estou me fazendo de burra – eu disse, azeda. – Aparentemente, eu sou burra.
Ele me olhou cuidadosamente. – Hm – ele resmungou.
- Que é? – eu exigi.
- Ela não falou mesmo de mim?
- De você? O que tem você?
Os olhos deles examinaram o meu rosto novamente. Então ele sacudiu a cabeça em resignação e mudou de assunto.
- Eles já te fizeram escolher?
Eu soube imediatamente o que ele quis dizer.
- Eu disse pra você que eles não iam fazer isso. Você é o único obcecado em escolher lados.
Ele sorriu, um sorriso duro, e seus olhos se estreitaram. – Veremos sobre isso.
Abruptamente, ele se inclinou e me pegou em um abraço de urso tão apertado e entusiasmado que me tirou do chão.
- Me solta! – eu lutei inutilmente. Eles era forte demais.
- Por quê? – ele riu.
- Porque eu não consigo respirar!
Ele me largou, dando um passo para trás com um sorriso malicioso no rosto.
- Você está drogado – eu acusei, olhando para baixo envergonhada, fingindo arrumar a minha camiseta.
- Só lembre-se que eu te avisei – ele sorriu, se inclinando de novo – não tão longe – para pegar meu rosto entre suas mãos enormes.
- Hm, Jacob… – eu protestei, minha voz subindo uma oitava, uma mão se mexendo rapidamente para cobrir a minha boca.
Ele me ignorou, inclinando a cabeça para pressionar seus lábios firmemente na minha testa por um segundo prolongado. O beijo pareceu começar como uma piada, mas seu rosto estava nervoso quando ele se endireitou.
- Você deveria me deixar beijá-la, Bella – ele disse quando deu um passo para trás, deixando as mãos caírem. – Você pode gostar. Algo quente pra variar.
- Eu te disse desde o começo, Jacob.
- Eu sei, eu sei – ele suspirou. – Culpa minha. Fui eu que soltei a granada.
Eu olhei pra baixo, mordendo o lábio.
- Eu ainda sinto a sua falta, Bella – ele disse. – Muito. E então, bem na hora que nós talvez voltássemos a ser amigos de novo, ele volta.
Fiz cara feia pra ele. – Se não fosse pelo Sam, nós seriamos amigos de qualquer jeito.
- Você acha? – Jacob de repente sorriu, e o sorriso era arrogante. – Ok, deixarei nas mãos dele então – era obvio que o pronome que ele disse não se referia ao Sam.
- O que você quer dizer?
- Eu serei seu amigo – se ele não tiver problema com isso – Jacob ofereceu, e depois começou a rir com algo que lembrava um divertimento verdadeiro.
Eu fiz uma careta, mas não ia deixar passar a oportunidade inesperada. – Ótimo – eu estiquei minha mão à minha frente. – Amigos.
Ele apertou minha mão com um sorriso. – A parte irônica é que – se ele deixar que você seja minha amiga – ele bufou de escárnio. – ia dar certo. Sou melhor que isto do que o resto deles. Sam diz que é da minha natureza – ele fez uma cara revoltada.
- Da sua natureza em quê? – eu perguntei, confusa.
- Vou deixar que o sanguessuga te conte isso – quando ele te explicar porque você não pode ser minha amiga – Jacob riu de novo.
Eu me virei automaticamente, mas ele agarrou meu ombro.
- Desculpa. Escapou. Eu quis dizer… Edward, é claro.
- É claro. Só se lembre que você fez um trato – eu o lembrei sombriamente.
- Eu vou manter a minha parte da barganha, não se preocupe com isso – ele riu.
- Não entendo a piada – eu reclamei.
- Você vai entender – ele continuou a rir. – Mas eu não posso garantir que você vai achar engraçado.
Ele começou a voltar para a casa, então eu achei que ele já tinha dito tudo o que planejava dizer.
- Como está o Sam? – eu perguntei em um tom neutro.
- Não está feliz, como você deve imaginar – ele disse, atestando a verdade. – Você não pode esperar que a gente esteja super feliz que os vampiros voltaram pra cá.
Eu o encarei, meu rosto congelado de choque.
- Ah, fala sério, Bella – ele resmungou, revirando os olhos.
Eu franzi a testa e olhei para longe, enquanto ele ria de novo. Meu temperamento se incendiou.
- Como está o Quil? – eu o provoquei.
A expressão dele imediatamente virou uma careta. – Não o vejo muito mais – ele reclamou.
- Bom.
- É só uma questão de tempo – ele disse numa voz doentia e nervosa. – Agora.
- Agora o quê?
- Agora que seus amigos estão de volta.
Nós nos encaramos por um momento.
- Não posso falar com você quando fica desse jeito – eu decidi eventualmente.
Eu não esperava que ele desse pra trás, mas ele deu.
- Você tem razão. Não estou sendo muito amigável, né? Não deveria desperdiçar o momento – essa provavelmente é a ultima conversa que nós teremos.
- Vou gostar bastante de provar que você está errado – eu murmurei.
- Isso é engraçado. Eu não acho que vou gostar nenhum um pouco de provar que vocês está errada.
Nós tínhamos chegado a casa. Jacob me acompanhou até a varanda, mas nós paramos ali.
- Você espera que ele volte logo? – Jacob perguntou casualmente.
- Edward, você quer dizer?
- Sim… Edward – parecia difícil para ele dizer o nome. Ele tinha menos problema com ‘Alice’.
- Mais tarde – eu disse num tom vago.
Jacob piscou para o sol, que aparecia através das nuvens estranhamente finas.
- Ah – ele disse, claramente entendendo perfeitamente. – Diga a ele que eu disse ‘oi’.
Ele soltou outra risada.
- Claro – eu murmurei.
- Eu nem consigo te dizer o quanto queria que você ganhasse essa – ele disse quando terminou de rir, seu sorriso desaparecendo. – La Push é tão sem graça sem você.
Tão rapidamente que a minha respiração parou de choque, Jacob atirou os braços ao me redor outra vez.
- Tchau, Bella – ele sussurrou, sua respiração quente no meu cabelo.
Antes que eu pudesse me recuperar e responder, Jacob se virou e correu pela rua, suas mãos enfiadas nos bolsos da calça. Foi só nessa hora que eu me perguntei como ele tinha chegado até aqui. Não tinha nenhum carro à vista. Mas as pernas compridas dele o levavam tão rápido que eu teria que gritar para perguntar. E eu tinha certeza que ele ia se encontrar com o Sam em algum lugar por perto.
Parecia que tudo o que eu fazia com o Jacob era dizer adeus. Eu suspirei.
Charlie não olhou pra cima quando eu passei por ele.
- Que conversa curta – ele notou.
- Jacob foi birrento – eu disse a ele.
Ele riu brevemente, olhos na TV.
Levei meus trabalhos para o meu quarto, então, determinada a me concentrar melhor. Eu sabia que se eu ficasse na cozinha eu não iria tirar meus olhos do relógio em cima do forno por nada. No meu quarto, consegui simplesmente tirar o despertador da tomada para resolver o problema. Eu já tinha preenchido cinco formulários de inscrição, que estavam prontos para serem enviados, quando o som da chuva tirou a minha concentração. Eu olhei para a janela. Aparentemente, o tempo bom tinha acabado. Eu sorri por um momento, e olhei para a próxima pergunta. Ainda tinha horas à minha frente.
Algo rígido me pegou pela cintura com força e me tirou da cama. Antes que eu pudesse inspirar para gritar, minhas costas estavam contra a parede mais distante. Eu estava presa ali por algo firme e frio – e familiar. Um rosnado baixo, alarmado saia por entre seus dentes.
- Edward, que foi? Quem está aqui? – eu sussurrei em terror. Tinham tantas respostas más para aquela pergunta. Era tarde demais. Eu nunca devia ter dado ouvidos a eles, eu devia ter feito a Alice me mudar na hora. Eu comecei a hiperventilar de medo.
E então Edward disse – Hmmm – em uma voz que não parecia nenhum pouco preocupada. – Alarme falso.
Eu respirei fundo, acalmando o ritmo. – Ok.
Ele se virou, se afastando devagar para me dar espaço. Ele colocou as mãos nos meus ombros, mas não me puxou para perto. Seus olhos examinaram meu rosto, meu nariz perfeito se torcendo um pouco.
- Desculpe por isso – ele sorriu pesarosamente. – Exagerei.
- Em quê? – eu perguntei.
- Em um minuto – ele prometeu. Ele deu um passo para trás e me olhou com uma expressão estranha que eu não consegui decifrar. – Primeiro, por que você não me diz o que fez hoje?
- Fui boazinha – eu disse sem fôlego. – Já estou na metade.
- Só na metade? Não que eu esteja reclamando. – Agora que eu estava começando a me recompor do momento de pânico, eu podia sentir uma onda de felicidade surgindo dentro de mim. Ele tinha voltado.
- Você fez mais alguma coisa? – ele continuou, esperançoso.
Eu dei de ombros. – Jacob Black passou aqui.
Ele acenou, sem surpresa. – Ele escolheu bem o momento. Suponho que ele estivesse esperando eu ir embora.
- Provavelmente – eu admiti e ele de repente ficou tenso. – Porque, Edward, ele… bem, parece saber de tudo. Eu não sei se ele começou a acreditar no Billy agora -
- Eu sei – ele murmurou.
- O quê? – eu perguntei, pega desprevenida outra vez.
Mas Edward tinha andado para longe, seu rosto distante e pensativo.
Eu comecei a ficar brava. – Isso é irritante. Você vai me contar o que está acontecendo?
- Talvez – mas ele hesitou. – Posso pedir um favor antes?
Eu gemi. – Certo – eu fui sentar na cama, tentando juntar os papeis espalhados. – O que você quer? – Ele devia saber que não havia muita coisa que eu não faria por ele. Perguntar era quase supérfluo.
- Eu gostaria muito se você me prometesse ficar longe do Jacob Black. Só para minha paz de espírito.
Meu queixo caiu. Eu olhei para ele em um a descrença horrenda. – Você esta brincando – eu disse sem acreditar.
- Não, não estou – ele me olhou com olhos sombrios. – Você quase me fez ter um ataque do coração – e não é a coisa mais fácil de fazer.
Eu não entendia o que ele queria dizer com aquilo, só que ele estava fazendo exatamente o que eu tinha tanta certeza que ele não faria. – Você não pode estar falando sério. Você não pode estar pedido de verdade que eu escolha lados.
- Escolha lados? – ele perguntou, franzindo a testa.
- Jacob disse que eu teria que escolher, que você não me deixaria ser amiga dele – e eu disse que isso era ridículo – eu olhei para ele com olhos suplicantes – suplicantes para ele levar a sério.
Os olhos dele se estreitaram um pouco. – Mesmo eu odiando fazer com que o Jacob Black esteja certo… – ele começou.
- Não! – eu lamentei. – Não acredito nisso! – Eu chutei o ar, petulante, e uma pilha de inscrições voaram para o chão.
Os olhos dele ficaram frios. – Você pode escolher o outro lado – ele me lembrou.
- Não seja idiota! – eu resmunguei.
- Eu não tinha percebido que ele era tão importante para você – Edward disse numa voz melancólica. Os olhos dele ficaram duros outra vez.
- Você não está com ciúmes – eu gemi sem acreditar.
Ele fungou uma vez, e torceu o nariz de novo. – Bem, o cheiro é como se ele tivesse chegado bem perto de você hoje à tarde.
- Não foi idéia minha – Mas eu corei.
Ele notou isso. Levantou uma sobrancelha.
- Não tem absolutamente motivo algum para você ficar com ciúme de ninguém nem de qualquer coisa, nunca. Como você não sabe disso? Mas o Jacob é importante pra mim. Ele é o melhor amigo humano que eu tenho. Ele é da família. Se não fosse por ele… – eu parei, sacudindo a cabeça. Morta não era a pior coisa que eu poderia estar sem o Jacob.
- Seu melhor amigo humano – Edward repetiu em voz baixa, encarando sem ver a janela por um segundo antes de se voltar para mim. Ele veio sentar do meu lado na cama, mas deixou um espaço entre nós, o que me surpreendeu. – Eu tenho que admitir, eu devo um a ele – pelo menos uma – por salvar você do túmulo aquático. Mesmo assim, eu… preferiria que você mantivesse distancia. Porque eu estar com ciúmes ou não vem ao caso. Você já deve ter percebido a essa altura que a única coisa que me deixa preocupado é a sua segurança.
Eu pisquei, surpresa. – Segurança? O que diabos você quer dizer?
Ele suspirou, fazendo uma careta. – Não é meu segredo para contar. Por que você não perguntou ao Jacob o que está acontecendo.
- Eu perguntei.
Ele colocou os dedos nos lábios, me lembrando de falar baixo.
- Eu acabei de perguntar, de novo – eu continuei nervosa, porem mais silenciosamente. – E o Jacob disse “eu vou deixar o sanguessuga te contar essa, quando ele explicar porque você não pode ser minha amiga”.
Ele revirou os olhos, então eu continuei.
- Ele também disse para te falar “oi” – eu acrescentei, usando o mesmo tom de provocação que o Jacob tinha usado.
Ele sacudiu a cabeça, e então sorriu triste. Ele colocou as mãos nos meus ombros, me segurando um pouco longe, como se fosse para ter uma visão melhor da minha expressão. – Ótimo, então – ele disse. – Eu vou te contar tudo. Na verdade, eu vou explicar cada mínimo detalhe e responder cada pergunta que você tiver. Só que você pode fazer uma coisa para mim antes? Ele ergueu as sobrancelhas, quase se desculpando, e torceu o nariz de novo. – Se importa de lavar o seu cabelo? Você absolutamente fede a lobisomem.
Tenho que admitir, eu ainda fico triste em ter tirado essa ultima frase.


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