25 de maio de 2014

Vanity Fair: Kristen Stewart levanta um metafórico dedo do meio as críticas com sua incrível atuação em Cannes

Confira a crítica da Vanity Fair para o filme “Cloud of Sils Maria“, no qual exalta e elogia a atuação da nossa Kristen Stewart:

Kristen Stewart levanta um metafórico dedo do meio as críticas com sua incrível atuação em Cannes.

Talvez seja o personagem de Chloe Grace Moretz, a aparentemente malcriada sensação de tablóides Jo-Ann Ellis, que levanta um dedo do meio as câmeras, mas é a real Kristen Stewart, estrela de uma famosa franquia, que levanta um dedo do meio as críticas emClouds of Sils Maria. A reflexão inteligente e cheia de ideias de Olivier Assayas sobre atuar, fama e idade não apenas oferecem a Srta. Stewart o melhor papel de sua vida; isso a garante um momento no centro do palco para se expressar em eloquentes e ainda não-didáticos termos, uma defesa para atores nos tipos de filmes que soam como um pedaço de algo grande como Crepúsculo.
Enquanto o momento meta se encaixa confortavelmente no fluxo deste filme (e sem dúvida funcionaria bem com outra atriz talentosa transmitindo as falas) é impossível não imaginar isso como um cri de coeur(grito vindo do coração) de K-Stew, uma sugestão de que aqueles que tem ignorado os filmes da Saga Crepúsculo talvez deveriam jogar seu ódio água abaixo. Stewart mostra uma atuação marcante em Clouds. Sua personagem Val, uma assistente pessoal e porto seguro para estrela de filmes em formação, Maria interpretada por Juliette Binoche, é confiante, esperta, honesta, perceptiva e até um pouco calorosa. É uma versão 180 graus melhor que Bella Swan e sua timidez, ainda há a mesma entrega plana e presença de braços-cruzados. Aqui ela irradia confiança, não a indecisão entre Edward ou Jacob. A maior parte do filmes são conversas entre Stewart e Binoche, e Stewart sustenta bastante a si mesma. Este filme mudará fundamentalmente sua percepção deste frequentamente ridicularizado indivíduo.

E aquilo é como deveria ser, como Clouds of Sils Maria é, um acréscimo para conceitos precipitados dos outros, é tudo sobre como as vezes um ator não possuiu um papel; um papel possuiu o ator. Ou como a imagem pública pode se tornar uma reflexão quebrada de um indivíduo notável. A Maria, interpretada por Binoche, teve sua grande oportunidade com 18 anos na peça (que depois se tornou filme) Maloja Snake, como uma jovem assistente pessoal perdida, que enlaça sua chefe mais velha em um caso de amor lésbico que a leva ao suicídio. Agora, décadas depois, e logo após a morte do dramaturgo, uma nova versão está sendo feita e Maria é escolhida para interpretar o papel da mais velha.

É uma longa e sinuosa viagem até a montanha para a viúva do dramaturgo chegar onde Maria e Val moram (você não precisa pesquisar no Google: Sils Maria é um lindo local na Suíça, e o filme Maloja Snake é uma nuvem em formação) mas, uma vez que o acordo é feito e a personagem imã da TMZ de Moretz, Jo-Ann é escolhida para o papel da mais nova, nós nos encontramos na “Segunda Parte.” (A tela do filme ganha este cartão de título, mesmo não havendo alguma com a “Primeira Parte.”) No chalé alpino e em maravilhosas caminhadas Maria e Val trabalham nas falas do papel, e o filme de vez em quando faz aquela coisa onde você não sabe se elas realmente estão dizendo aquilo ou se são as falas que estão revisando. Enquanto isso não é exatamente um novo truque (a mesma técnica usada do filme do ano passado em Cannes foi no filme de Roman Polanski, Venus In Fur, que usa este tom durante todo o tempo) isto ainda é muito eficaz.

Quando não estão ensaiando, nós presenciamos o trabalho árduo de manter uma carreira de atriz florescendo. Val é a Leo McGarry de Maria, constantemente fazendo malabarismo com celulares e riscando coisas na sua lista de “coisas para fazer”. Isso não é o falso-exaustivo glamour de The Devil Wears Prada, é apenas trabalho, e Val faz ele muito bem. Há vestidos da Chanel, sessões de fotos e saguões de hotéis, mas principalmente há decisões que precisam ser tomadas, sessões no Skype, planejamento e tudo outra vez.

Desde que Maria está com certa idade, ela é confundida por blogs de fofoca e filmes de super-heróis. Uma ida a um cinema 3D para ver Jo-Ann em uma descarada imitação de X-Men iria classificar, na linguagem do Twitter, uma hashtag de zombaria. Diferente de outro filmes sobre a atmosfera de Hollywood, Clouds mistura alguma aceitação resignada com sua crítica. Val nos mantêm com notícias do momento não apenas por ser seu trabalho, mas porque parte dela gosta daquilo. Entretanto, ela é madura o bastante para reconhecer isso como uma distração. Ela também é sábia o suficiente para se preocupar com a relutância de Maria em adotar a mentalidade da nova personagem ou sua antiga personagem irá destruí-la.

Assayas é de longe menos moralista sobre nossa comum cultura efêmera e as tolices de nossa juventude do que você pode pensar. Quando nós finalmente conhecemos a Jo-Ann de Moretz fora dos vídeos do Youtube, ela é afiada e muita mais perceptiva do que esperamos. Suas tentativas de abalar os paparazzi não são de quebrar um coração, ou ainda momentos de aventura; eles são apenas o que são para ela. De fato, grande parte deste filme mantêm algo do mesmo estilo, tudo exceto as discussões de pós-graduação sobre as interpretações de textos.

Há frases de Baltasar Gracian, sucesso musical estrelando Handel, e imagens sossegadas de diversas montanhas, mas Clouds contêm o suficiente da vibe de All About Eve para manter isto suculento. Aqueles procurando por uma maliciosa traição talvez devam se retirar, mas aqueles que pensam que eles serão influenciados pela desconstrução da torre de marfim talvez se encontrem absortos. É um filme incomum de Assayas, que teve em seu filme por trás das câmeras Irma Vep algo mais estilizado. Este é um filme inteligente, contemplativo, com sua cabeça um pouquinho nas nuvens.

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