8 de fevereiro de 2016

Entrevista com a autora Catarina Muniz


Catarina Muniz é alagoana, formanda em Comunicação Social, expansiva, intensa e bem humorada, escreve apaixonadamente desde a adolescência. Em 2012, convencida por amigos próximos, começou a expor suas palavras e ideias num blog de contos eróticos. Mas as histórias que borbulhavam durante anos em sua mente exigiam o papel e o lápis, resolveu singrar os densos mares do universo literário. 

Seu primeiro livro, O Segredo de Montenegro, foi originalmente auto-publicado, e alguns meses depois recebeu o convite da Tordo Editorial para republicá-lo. Com o lançamento em junho de 2015. No inicio de 2015, a autora também fechou contrato com a Universo dos Livros para publicação de seu segundo livro, A Dama de Papel, um romance de época erótico que chegou as livrarias no final de 2015. 

A autora foi indicada no prêmio Melhores de 2015 do blog Saga Twilight Eternamente, nas categorias "Melhor Obra Nacional" por A Dama de Papel e "Autor Revelação 2015".

Oi Catarina, estou muito animada em fazer essa entrevista com você. Me apaixonei demais por A Dama de Papel e queria começar a entrevista com ele. Como você teve a ideia de escrever esse livro? Achei história linda e surpreendente! 
Essa é uma pergunta recorrente e bem difícil de responder... As histórias surgem de repente. Elas brotam, elas me atropelam! Para que se tenha uma ideia, o livro que escrevo atualmente me veio á mente enquanto cozinhava para minha filha! São momentos de luz, eu acho. Ouço uma música, imagino uma situação e pronto: tenho uma história nas mãos. E como a A Dama de Papel não foi nada diferente. Não saberia definir como ele veio. O que posso dizer é que o contexto histórico retratado no livro foi baseado nos estudos que realizei durante dois anos para prestar concurso de admissão á carreira de diplomata. E Charles foi inspirado num ator que admito muito, o inglês Tom Hiddleston. Mas a história em si me veio sem aviso nem explicação. 

O final de A Dama de Papel é bem diferente do que costumam acontecer nos livros e mesmo assim eu gostei bastante dele e não imagino o livro com outro final. Em algum momento você reconsiderou o final? Pensou em mudar ou até mesmo mudou em algum momento? 
Eu pensei muito, antes de escrever o último capítulo. Porém, nunca tive dúvidas de que esse final era mesmo o mais adequado se todo o contexto histórico e a personalidade forte de Molly fossem levados em consideração. Não me arrependo e não cheguei a mudar em nenhum momento. 

Tem leitores que falam para você que não gostaram do fim do livro?
Sim, vários! Alguns relatam que choraram mas entenderam, outros se diziam com uma baita ressaca literária! Mas eu entendo e gosto muito de saber a opinião dos leitores, mesmo que seja negativa. Estou preparada para isso desde o momento em que decido publicar uma obra.  

As cartas escritas por Charles são de uma paixão incrível e que deixam todos nas nuvens. Você planeja escrever um livro apenas com as cartas dele? Se não pensou, pense agora, por favor =D
(Risadas) Confesso que nunca me passou pela cabeça escrever um livro contendo apenas as cartas de Charles! É uma ideia nova, realmente. Não descarto a possibilidade, quem sabe? Se houver uma quantidade razoável de leitores querendo isso eu não vou ter como ignorar. 

Eu ainda não li seu outro livro O Segredo de Montenegro, mas li na sinopse que se trata de uma história de amor entre um psiquiatra atormentado e uma enfermeira solitária e a frase "até que ponto dores justificam erros?" É aquele tipo de livro que você vai ficar com vontade de matar a autora a cada capítulo?

(Gargalhadas) Olha, eu não tive com ele o alcance que tenho com A Dama de Papel, mas até agora ninguém cogitou a possibilidade de me matar por causa dele não! Mas falando sério agora, é um romance completamente diferente de ADDP. É um drama, é mais pesado. E a personagem principal, a Evelyn é muito diferente da Molly. Eu diria oposta! Então seria curioso observar a reação de quem gostou de ADDP perante O Segredo de Montenegro

Qual dos dois livros você mais gostou de escrever e porque?
Agora você me pegou... Não há como responder essa pergunta. OSDM foi escrito em dois meses e meio, enquanto eu vivia o auge de uma Síndrome do Pânico, no ano de 2012. ADDP foi escrito logo depois, em seis meses, também vivenciando esse mesmo período... Ou seja, ambos foram muito importantes para mim naquele momento. E confesso que gosto muito das duas histórias, por razões diferentes. Não sei dizer, mesmo. 

Como é o seu processo de escrita?
Eu simplesmente sento e escrevo. Sem segredos. A história vai amadurecendo o tempo todo em minha mente, enquanto vou ao trabalho, durante o banho, antes de dormir. "Assisto" a história como um filme na minha cabeça, com trilha sonora e tudo mais. Daí, tudo o que faço é sentar defronte o computador e contar essa história de uma maneira que eu goste de ler. 

Se você estivesse no século XIX e a sua família escolhesse um homem odioso para você se casar, se casaria ou fugiria de casa? Porque?

Fugiria de casa, sem pestanejar! Molly tem muito de mim nesse sentido: é bastante independente, difícil de domar. Eu definitivamente não conseguiria casar com alguém sem amor, exclusivamente pelo dinheiro ou pelo status social que o matrimônio me proporcionaria. Para mim, seria a morte!

Para você o "felizes para sempre" existe? 
Exite, mas não é como nos filmes que costumamos assistir, ou nos livros que gostamos de ler. Acho que o "felizes para sempre" está naquele casal que está junto há décadas, que enfrentou conflitos, crises, doenças, desânimos, problemas financeiros e todo o rol de tempestades que um relacionamento traz, e que ainda se mantém firme e sólido. O "Felizes para sempre" está naquele casal de avós que recebe os filhos e os netos pros almoços do fim de semana. É se comprometer, se sacrificar e se casar com aquela pessoa todo santo dia. Não é fácil! Mas é sim possível.

Uma coisa em que eu reparei lendo a sinopse de O Segredo de Montenegro é que também os personagens precisam lutar e enfrentar o passado para conseguir o que querem. É algo que você gosta de passar nos seus livros? Uma mensagem para o leitor, algo para ele pensar e refletir? 
Li uma vez em algum lugar que existe uma diferença entre autor e escritor. Autor conta uma história, escritor propõe uma reflexão. Não sei até que ponto concordo com essa afirmação, mas se eu tivesse que me enquadrar numa dessas opções, eu diria que sou autora, ou seja, apenas conto histórias que brotam da minha imaginação. Tenho um longo caminho a percorrer se quiser um dia ser considerada uma escritora, preciso amadurecer mais minha escrita, explorar mais. Porém, mesmo que eu não tenha a pretensão de transmitir uma determinada mensagem ao leitor, ele fatalmente acabará se identificando com alguma situação contada na história, ou com algum personagem, e fará uma reflexão. Sinto-me lisonjeada demais quando isso acontece, mas ainda não é algo que eu conscientemente faço enquanto escrevo. 

Você se acha parecida com a Molly ou com a Evelyn? Por que?
Essa é uma pergunta muito boa... Eu tenho algo das duas, com certeza. Não creio que um escritor consiga se desligar completamente de si mesmo ao criar um personagem. Mas dentre as duas guardo mais características de Molly. Eu sou o tipo de pessoa que detesta se sentir presa, que detesta imposições. Eu rio alto, sou bastante espontânea. E não abro mão da minha independência, sem chance. 

Quais são seus próximos projetos? 
Estou finalizando o "Carmin", romance que está sendo publicado no Wattpad, e escrevendo um outro romance cuja sinopse quero manter em segredo, por enquanto. Mas é bem legal!

Dentre os personagens dos seus livros... Você se casaria? Qual mataria? Qual você dormiria? Qual você seria amiga? 
Caramba! Mais uma boa pergunta. Eu nunca havia pensado nisso! Vejamos: casaria com o Louis, personagem principal de Carmin. Ele é lindo, tesudo, inteligente, romântico, um gentleman. Eu mataria Albert, de A Dama de Papel. Dormiria com Charles, por que ele é uma delícia! E seria amiga de Evelyn, para dar alguns concelhos preciosos para ela. E também por que ela é uma boa pessoa. 

Você começou a escrever em um blog de contos eróticos. Esses contos você transformou ou se inspirou em algum para seus livros? Pretende um dia, fazer um livro com todos eles? 
Não me inspirei muito neles porque, excetuando-se uma trilogia fantástica que estou desenvolvendo, não gosto muito que uma história interfira em outra. Mas existe sim o plano de transformar os contos em livro. Todos eles já foram reunidos e registrados, inclusive. 

Livros eróticos é algo que você goste ou prefere um romance mais leve?
Eu gosto muito de livros eróticos. De fato, eu gosto da arte erótica, nas suas mais variadas expressões. Contudo, para mim, o erotismo nunca está completamente dissociado do romantismo. Nas minhas histórias, o sexo ardente sempre leva á paixão ou a um sentimento mais profundo e duradouro. Particularmente acho que o sexo por sexo é um pouco cansativo e até monótono. Poucos são os autores que consegue escrever apenas a mais pura sacanagem e me encantar. 

Hoje em dia vemos muitos autores começando a publicar livros pela Amazon e também pelo Wattpad. Você tem alguma dica para dar a esses autores, que sonham em um dia ser de uma grande editora?
O mais clichê dos conselhos: não desistam! Não dá pra fugir dessa máxima. Eu mesma comecei autopublicando e recebi alguns "nãos" antes do esperado "sim" que veio da maravilhosa Universo dos Livros. Várias vezes pensei em desistir, mas minha filha me impediu. Estávamos numa feira de livros e vi que um dos livros tinha uma premissa parecida com o livro que eu estava desenvolvendo. Me frustei muito quando isso aconteceu, pois eu sou apaixonada pela minha história. Daí confessei a minha filha que estava cansada de esperar e que cogitava desistir. Ela então, do alto dos seus 10 anos de idade, falou pra mim: "Mãe, você não pode desistir." E eu perguntei: "Porquê?" E ela respondeu "Por que desistir é fácil!". Jamais esquecerei esse dia e essas palavras. Jamais!

Recentemente você começou a postar uma história no Wattpad, Carmin, está sendo para você ter essa relação direta com o leitor? Entre publicar um capítulo e minutos depois já ter pessoas comentando.
Disponibilizei o Carmim por duas razões: primeiro para ter realmente essa relação mais próxima com os leitores, para sentir a reação e a receptividade deles. E a segunda é pelo fato de se tratar de meu primeiro romance em primeira pessoa. Na verdade, é um romance escrito sob o ponto de vista dele e dela, e cada capítulo varia de um a outro. É um desafio para mim, pois sou muito mais acostumada a escrever em terceira pessoa. Mas estou me pondo á prova, vejamos o que acontece. 

O que lhe inspira a escrever? 
A resposta é tão simples que pode parecer boba, mas simplesmente escrevo histórias que eu gostaria de ler. Escrevo-as porque gosto delas mesmo e o processo de escrita me é muito prazeroso, sem dúvida!

Gostaria de mandar algum recado para seus leitores?
Eu gostaria primeiro de agradecer a oportunidade de falar um pouco mais sobre o meu trabalho, dizer que é um prazer e uma honra conceder essa entrevista, e agradecer do fundo do meu coração a todos aqueles que cederam um pouco do seu tempo precioso para ler meus livros. Não consigo sequer começar a explicar quanta gratidão tenho sentido todos os dias, com as fotos sendo compartilhadas, com as pessoas vindo a minha procura para dizer o que acharam do livro, deste ou daquele personagem... Tem sido uma experiência fantástica essa, e tudo graças aos leitores. Muito, muito, muito obrigada a todos vocês!

Obrigada por conceder esta entrevista e parabéns pelos seus livros. Espero ler mais sobre Molly e Charles um dia :) 


Leia a resenha de A Dama de Papel, aqui


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Carmim


2 comentários:

Lascvia disse...

Amei conceder essa entrevista. Obrigada ao blog pela oportunidade. <3

Unknown disse...

Eu que agradeço por esta honra :)